É uma
religão e um projeto de organização da sociedade expresso
na palavra árabe islã, a submissão confiante a Alá
(Allah, em árabe – Deus, ou "a divindade", em abstrato). Seus seguidores
chamam-se muçulmanos (muslimun, em árabe): os que se submetem
a Deus para render-lhe a honra e a glória que lhe são devidas
como Deus único. Fundado por Maomé, o islamismo reúne
hoje cerca de 850 milhões de fiéis e é a religião
que mais cresce em todo o mundo.
Maomé (570 d.C.-632
d.C.)
(corruptela hispânica
de Mohammed, nome próprio derivado do verbo hâmada e que significa
“digno de louvor”) nasce em Meca na tribo árabe coraixita, e trabalha
como mercador. Segundo a tradição, aos 40 anos recebe a missão
de pregar as revelações trazidas de Deus pelo arcanjo Gabriel.
Seu monoteísmo choca-se com as crenças tradicionais das tribos
semitas e, em 622, Maomé é obrigado a fugir para Iatribe,
atual Medina, onde as tribos árabes vivem em permanente tensão
entre si e com os judeus. Maomé estabelece a paz entre as tribos
árabes e com as comunidades judaicas e começa uma luta contra
Meca pelo controle das rotas comerciais. Conquista Meca em 630. Morre dois
anos depois, deixando uma comunidade espiritualmente unida e politicamente
organizada em torno aos preceitos do Corão.
Comunidade do Islã
A fuga de Maomé de Meca para Medina, em 622, chamada hégira
(busca de proteção) marca o início do calendário
muçulmano e indica a passagem de uma comunidade pagã para
uma comunidade que vive segundo os preceitos do Islã. A doutrina
do profeta e a idéia de comunidade do Islã (al-Ummah) formam-se
durante a luta pelo controle de Meca: todos os muçulmanos são
irmãos e devem combater todos os homens até que reconheçam
que só há um Deus .
*CORÃO
Livro sagrado do islamismo, o Corão (recitação) é
revelado a Maomé pelo arcanjo e redigido ao longo dos cerca de 20
anos de sua pregação. É fixado entre 644 e 656 sob
o califado de Uthman ibn Affan: são 6.226 versos em 114 suras (capítulos).
Traz o mistério do Deus-Uno e a história de suas revelações
de Adão a Maomé, passando por Abraão, Moisés
e Jesus, e também as prescrições culturais, sociais,
jurídicas, estéticas e morais que dirigem a vida individual
e social dos muçulmanos.
SUNA
A segunda fonte doutrinal do islamismo. É um compêndio de
leis e preceitos baseados nos ahadith (ditos e feitos), conjunto de textos
com as tradições relativas às palavras e exemplos
do Profeta.
Deveres dos muçulmanos
Todo muçulmano deve prestar o testemunho (chahada), ou seja, professar
publicamente que Alá é o único deus e Maomé
é seu profeta; fazer a oração ritual (salat) cinco
vezes ao dia (ao nascer do Sol, ao meio-dia, no meio da tarde, ao pôr-do-sol
e à noite), voltado para Meca e prostrado com a fronte por terra;
dar a esmola legal (zakat) para a purificação das riquezas
e a solidariedade entre os fiéis; jejuar do nascer ao pôr-do-sol,
durante o nono mês do calendário muçulmano (Ramadan);
e fazer uma peregrinação (hadjdj) a Meca ao menos uma vez
na vida, seja pessoalmente, se tiver recursos, ou por meio de procurador,
se não tiver.
Festas islâmicas
A Grande Festa ou Festa do Sacrifício (Eid Al-Adha) é celebrada
no dia 10 do mês de Thul-Hejjah (maio/junho). A Pequena Festa (Eid
Al-Fitr), celebrada nos três primeiros dias do mês de Shaual
(março/abril), ao final do jejum do mês de Ramadan (fevereiro/março),
comemora a revelação do Corão. Celebra-se ainda a
Hégira, o Ano-novo do calendário muçulmano, no dia
1o do mês de Al-Moharam (junho/julho), e o aniversário de
nascimento do Profeta, no dia 12 do mês de Rabi’I (agosto/setembro).
Calendário muçulmano
Mede o ano pelas 12 revoluções completas da Lua em torno
da Terra e é, em média, 11 dias menor do que o ano solar.
A hégira, fuga de Maomé de Meca, marca o Ano-novo. O ano
em curso (1994/1995) é o 1.415o da hégira.
DIVISÕES DO ISLAMISMO
Os muçulmanos estão divididos em dois grandes grupos, os
sunitas e os xiitas. Essas tendências surgem da disputa pelo direito
de sucessão a Maomé. A divergência principal diz respeito
à natureza da chefia: para os xiitas, o líder da comunidade
(imã) é herdeiro e continuador da missão espiritual
do Profeta; para os sunitas, é apenas um chefe civil e político,
sem autoridade espiritual, a qual pertence exclusivamente à comunidade
como um todo (umma). Sunitas e xiitas fazem juntos os mesmos ritos e seguem
as mesmas leis (com diferenças irrelevantes), mas o conflito político
é profundo.
SUNITAS
Os sunitas são os partidários dos califas abássidas,
descendentes de all-Abbas, tio do Profeta. Em 749, eles assumem o controle
do Islã e transferem a capital para Bagdá. Justificam sua
legitimidade apoiados nos juristas (alim, plural ulemás) que sustentam
que o califado pertenceria aos que fossem considerados dignos pelo consenso
da comunidade. A maior parte dos adeptos do islamismo é sunita (cerca
de 85%). No Iraque a maioria da população é xiita,
mas o governo é sunita.
XIITAS
Partidários de Ali, casado com Fátima, filha de Maomé,
os xiitas não aceitam a direção dos sunitas. Argumentando
que só os descendentes do Profeta são os verdadeiros imãs:
guias infalíveis em sua interpretação do Corão
e do Suna, graças ao conhecimento secreto que lhes fora dado por
Deus. São predominantes no Irã e no Iêmen. A rivalidade
histórica entre sunitas e xiitas se acentua com a revolução
iraniana de 1979 que, sob a liderança do aiatolá Khomeini
(xiita), depõe o xá Reza Pahlevi e instaura a República
islâmica do Irã.
OUTROS GRUPOS
Além dos sunitas e xiitas, existem outras divisões do islamismo,
entre eles os zeiitas, hanafitas, malequitas, chafeitas, bahais, sunitas,
drusos e hambaditas. Algumas destas linhas surgem no início do Islã
e outras são mais recentes. Todos esses grupos aceitam Alá
como deus único, reconhecem Maomé como fundador do Islamismo
e aceitam o Corão como livro sagrado. As diferenças estão
na aceitação ou não da Suna como texto sagrado e no
grau de observância das regras do Corão.